Comunidades a viver na zona tampão e ao arredor da Reserva Especial de Maputo (REM) e Reserva Marinha Parcial da Ponta de Ouro (RMPPO) já estão a beber água potável em mais um caso de sucesso do projecto MozBio, facto que marca o fim de um longo sofrimento na busca do líquido.
Recentemente, a administração da reserva procedeu à entrega de dez fontes de abastecimento de água e seis delas, nomeadamente furos com bomba manual, foram implatadas na Ponta Mamoli, Matchia, Ticalala, Tlavane, Mabuluko e Mhala.


Os outros quatro foram construídos em Tchaia, Gala, Guengo e Massoane. Trata-se de furos multi-uso com fontanários equipados com paineis solares, tanques para o abeberamento de gado e sistemas de rega para a produção de hortícolas.
As três últimas comunidades contam, também, com casas do agricultor. Para estas iniciativas comunitárias, o MozBio alocou mais de 370 mil dólares americanos, pouco mais de 20 milhões de meticais ao câmbio actual. O MozBio tem o suporte financeiro do Banco Mundial.


As cerimónias da entrega dos dez furos, a título simbólico, decorreram em duas comunidades, nomeadamente em Guengo e Gala, num ambiente festivo em que dezenas de populares cantaram e dançaram, manifestando a sua total satisfação.


Quem mais ficou satisfeito e aliviado são as mulheres das dez comunidades, em número de 1.760, de um total de 3.433 beneficiários, que passavam por situações muito difíceis para terem acesso à água, vezes sem conta imprópria para o consumo.
Visivelmente satisfeita e emocionada, Lídia Massinga, viúva, a viver com dois netos e uma nora, contou que antes da construção daquelas infraestruturas “sofríamos muito. Eu, com a idade que tenho, como idosa, era difícil ir até aos pântanos, lá perto de onde se tira o caniço, buscar água. Às vezes tinha que cavar e esperar que se concentrasse e tirar para a lata”.


Descrevendo o drama por que passava, contou que o sofrimento era maior no tempo seco pois as fontes secavam e tinha que andar longas distâncias de pelo menos uma hora à procura de outras alternativas.
“O tempo de espera para conseguir água era longo. Outras vezes cruzávamos com animais como elefantes, javalis e até com cobras. Sabíamos que estávamos a correr risco e que consumíamos água imprópria, mas não havia alternativa”, contou.


“Agora estou muito feliz com esta bomba de água aqui na nossa comunidade. A água está perto de nós e podemos tirar a qualquer período do dia e mesmo a noite. Esta alegria é para mim e para todos da comunidade porque a nossa vida está facilitada e deixamos de sofrer”, disse com um sorriso na ponta da língua, acrescentando que agora vão poder gozar de boa saúde. “Já não vamos lutar mais com os animais selvagens por causa da água”.
A outra que não conseguia se conter é Zaida Manhiça, mãe e presidente do comité de água na comunidade de Guengo. Contou que para ter água era uma grande ginástica.


“Andávamos longas distâncias à procura de locais para cavar e com bacias pequenas tirarmos a água, pouco a pouco, até enchermos uma lata de 20 litros. Era difícil, levávamos pelo menos uma hora para trazer água para casa”, afirmou.
Afirmou que os animais selvagens pertencentes à Reserva Especial de Maputo e o gado bovino disputavam as mesmas fontes de água com os seres humanos, o que tornava a situação mais complicada e a vida, arriscada.


“Agora estou muito feliz. Temos boa água para beber e está próxima das nossas casas. Também temos água para o nosso gado e para fazermos alface, cebola e repolho. Estamos todos felizes e agradecemos muito a este projecto”, disse.


Quanto à necessidade de conservação da biodiversidade, Zaida destacou que não permitem que alguém faça a caça dos animais da reserva. “Nós somos os guardiões da natureza, somos os fiscais. O nosso régulo tem o número de telefone da reserva e quando encontramos alguém a fazer fogo, cortar árvore ou a fazer carvão dentro da reserva, informamos ao régulo e ele fala logo a seguir com a administração da reserva”.

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